Aion

A linha de pesquisa Aion trata dos processos de redefinição das arquiteturas participativas que estão redesenhando não apenas as modalidades de participação, mas pondo em discussão a arquitetura da esfera pública, os líderes de opinião e as instituições que geriram e mediaram a Política nas democracias ocidentais: os partidos, os sindicatos, os movimentos políticos, ideológicos, etc.

Os cidadãos através das tecnologias interativas, do acesso aos bancos de dados e da possibilidade de divulgação do próprio conteúdo, começaram a construir redes que, na maioria dos casos, superam a forma opinativa para desenvolver formas colaborativas originais de ativismo em busca de soluções por meio da participação tecno-coletiva, como as manifestações brasileiras, 15-M e Podemos (Espanha), Anonymous, Occupy pelo mundo, diversos movimentos que inspiraram a Primavera Árabe e nela se inspiraram, até os zapatistas e o Movimento 132 (México), o Movimento 5 Estrelas (Itália), os Partidos Pirata.

Prof. Dr. Erick Roza: Possui graduações em Publicidade e Propaganda (2006) e em Ciências Sociais (2012) ambos pela Universidade de São Paulo. Mestre (2012) e Doutor (2017) em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo, tem experiência na área de Ciências Sociais e Comunicação, com ênfase em Redes Digitais, Relações Públicas, Teoria da Opinião Pública, Pesquisa de Opinião Pública, Democracia e Comunicação e Net-ativismo. Pesquisador na Pesquisa Internacional Net-ativismo: ações colaborativas nas redes digitais e nos territórios informativos”, desenvolvida em parceria com centros de pesquisa da Univ. Nova de Lisboa, IULM de Milão e Univ. Paris-Descartes/Sorbonne.

Bruno Madureira Ferreira: Possui graduação em Design pela Escola Superior de Administração Marketing e Comunicação de Uberlândia (2015). Mestrando em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Membro do Centro Internacional de Pesquisa Atopos da ECA/USP coordenado e orientado pelo Prof. Dr. Massimo di Felice.

Matheus Soares Macedo Cruz: Graduado em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, com atuação profissional em Jornalismo impresso, televisivo e radiofônico. Possui interesse de pesquisa nas áreas de: telejornalismo, direitos humanos, narratividade. Atualmente é mestrando em Ciências da Comunicação pela ECA/USP.

2017

Seminário Internacional Net-Ativismo: plataformas e arquiteturas de interação e cidadania digital.

Evento realizado em parceria com o Sesc CPFL, reunindo pesquisadores e especialistas de diversos países. O prof. Massimo Di Felice juntamente com os pesquisadores do Atopos receberam pesquisadores e especialistas que vem desenvolvendo trabalhos e plataformas de cidadania digital. Davide Casaleggio e Enrica Sabatini (Movimento 5 Stelle), Débora Albu e Marlon Reis (ITS Rio), prof. Stephane Hugon (Universidade Paris V), prof. Mario Pireddu (Universidade de Roma Tre), Anápuáka Muniz Tupinambá (Rede de Cultura Digital Indígena) e Renato Yahé Krahô foram alguns dos convidados que compartilharam seus trabalhos e experiências.

2015

II Congresso Internacional de Net-ativismo

Realizado entre outubro e novembro de 2015 no Brasil (ECA/USP), França (Fondation Maison des Sciences de L’homme), Itália (Università degli Studi Roma Ter) e Portugal (Universidade Lusófona do Porto), o congresso reuniu inúmeros pesquisadores brasileiros e estrangeiros engajados no ativismo nas redes digitais, ciências sociais e comunicação.

 

2013

I Congresso Internacional de Net-ativismo

Realizado na ECA/USP o I Congresso Internacional de Netativismo contou com a participação os pesquisadores Pierre Lévy (Un. de Paris-VIII), Michel Maffesoli  (Un. Paris-Descartes), José Bragança de Miranda (Un. Nova de Lisboa), Alberto Abruzzese (Un. IULM), Stéphane Hugon (Un. Sorbonne Paris V), Mario Pireddu (Un. Roma Tre), Marta Severo (Un. Lille III), Myriam Achour e Sihem Najar (Institut de Recherche sur le Maghreb Contemporain) entre outros.

 

2008

Mídias Nativas (em parceria com LEER – Laboratório de Estudos sobre Etnicidade e Racismo da FFLCH – USP). O projeto parte da ideia de que a apropriação de novas tecnologias comunicativas pelas minorias sociais inaugura hoje uma fase original de sua atuação na sociedade brasileira, marcada pela auto-representação eletrônica. O projeto conta com três linhas de ação em fase de apresentação de projeto: Cátedra Indígena, Observatório Permanente de Mídias Nativas e Seminários Mídias Nativas

Laje Acadêmica – aprovado e financiado pela Pro-Reitoria de Cultura e Extensão da USP – Este projeto teve como objetivo conectar saberes – saberes locais mais saberes acadêmicos – deslocando discussões sobre a contemporaneidade digital para as lajes da Periferia Paulistana, através da promoção de encontros entre representantes da periferia e pesquisadores do digital.

Net-Ativismo: redes digitais e novas práticas de participação

Massimo Di Felice, Eliete Pereira e Erick Roza (orgs.)

A difusão da internet e das redes sociais digitais gerou no mundo todo novas formas e práticas de participação e de conflitos sociais. As manifestações de junho de 2013 no Brasil, a Primavera Árabe na África do Norte, os movimentos dos Indignados na Espanha e o Occupy Wall Street nos Estados Unidos são alguns dos exemplos mais conhecidos de formas de participação direta que se desenvolveram a partir das interações on-line, para sucessivamente ganhar os espaços físicos, sem nunca, porém, abandonar a dimensão conectiva digital.

Em seus diversos contextos e formatos, esses novos modos de participação exprimem, além do acesso generalizado e sem mediação, um tipo particular de ecologia da ação, não apenas virtual, nem somente presencial, denominada net-ativismo. Esse fenômeno, que vem sendo analisado nas principais universidades nacionais e estrangeiras, é apresentado aqui por alguns de seus mais importantes estudiosos. Com diversas abordagens, eles apontam as múltiplas questões e os aspectos envolvidos no tema.

 

Net-Ativismo, da ação social para o ato conectivo

Massimo Di Felice

As culturas ecológicas contemporâneas, as práticas de sustentabilidade, os movimentos de ativismo digital que marcaram a primavera árabe e os protestos continuados em todas as latitudes do planeta, através de formas de conflitualidade realizadas mediante as interações em redes digitais e social networks, são as expressões de um novo tipo de ação social, não mais direcionada ao externo, nem apenas resultante de práticas provocadas por um condicionamento informativo ou técnico. Denominamos tais interações diversas e complexas com o termo “net-ativismo”, que exprime não somente o conjunto de interações colaborativas que resultam da sinergia entre atores de diversas naturezas, humanos e não, mas também a comum condição digital que antecede e forma circuitos informativos, dispositivos, territorialidades e interações, apresentando-se como a constituição de um novo tipo de ecologia (eko-logos), não mais separatista e opositiva, mas portadora de uma comum dimensão que a torna reticular e conectiva. Enquanto extrassociais e não apenas humanas, a qualidade das interações net-ativistas apresenta-se marcada por sua forma conectiva, intermitente e não duradoura.

Cidadania digital: as plataformas colaborativas e a participação nas arquiteturas interativas

As últimas gerações de redes digitais (banda larga, conexão ubíqua, Internet of things, Big Data, Internet of everythings) inauguraram arquiteturas complexas de interações que passaram a permitir a comunicação e as trocas de informações entre humanos e não humanos. Estas novas formas além de ampliar a morfologia do social passaram a promover a interação continuada entre indivíduos, dados, dispositivos, bancos de dados, objetos e biodiversidade, tornando-se necessária a formulação de uma nova concepção ecológica da forma e da qualidade dos processos comunicativos. Tais transformações influenciaram e alteraram os modos de participação dos cidadãos e as relações entre o governo, as instituições políticas e a sociedade civil. Se em um primeiro momento a introdução de redes informativas interativas criou uma forma generalizada de tomada da palavra, determinando novas modalidades de conflitualidades emergentes não institucionais (net-ativismo), nos últimos anos começaram a se experimentar, em diversos países do mundo, a construção de plataformas e de arquiteturas digitais colaborativas para o debate e a tomada compartilhada de decisões. A introdução destes novos tipos de parlamentos informatizados configura-se como a experimentação de um novo tipo de cidadania, aqui qualificada como digital, cuja qualidade e seus formatos pretende-se analisar nesta pesquisa. Para isso, este projeto de pesquisa de cunho teórico e empírico pretende estudar as diversas experiências existentes (plataformas de tomada de decisão) no Brasil e no mundo, mapeando e analisando de acordo com indicadores de interatividade, propostos durante a investigação.